Perco...

E como explicar que o hoje se encontra numa aura diferente. E o que dizer desse silêncio e abandono. 

E o desejo que surge de ficar calada, com os olhos fechados fazendo com que tudo em volta fosse um lugar escuro. Desviando-me das más palavras, das relações conturbadas com o mundo exterior.

Perco esse dia. Perco essa manhã inteira. Percebo que também desprezei a maioria dos meus dias até aqui.

Caio em mim, mergulho fundo. Dentro de mim não consigo me encontrar, não consigo me enxergar pertencendo a este lugar.

Minha alva voa, mas minhas correntes me impedem de prosseguir. A vida parece escorrer nas palmas de nossas mãos.

De repente, me vejo tendo que decifrar quais são os passos certos, os passos errados. Se devo recuar, prosseguir ou ficar congelado no mesmo lugar.

Vejo-me tendo que estar apta para saber lidar com a vitória e com o fracasso, tentando escapar de todas as formas para não ser mais manipulado.

Hoje, tudo está diferente de como eu idealizei. E meus sentimentos continuam presos aqui, diluídos no ar frio e na poeira deste lugar.

Um “vestígio” de um dia de SOPHIE

22 de junho de 2009. Um dia normal. Segundo dia da primeira semana da estréia da nova estação do ano: o inverno.

O dia amanheceu com o típico friozinho da manhã, mas com o sol nascendo, brilhando, prometendo mais um longo dia de calor. Enfim, mais um dia comum, como todos os anteriores.

Dias compridos”. Podemos resumir os dias desses últimos dois meses de Sophie a essa definição. As horas se tornam intermináveis, se assemelhando ao passar de anos, de décadas.

As melhores horas do dia são aquelas que vêm posteriores às 23h, em que ela deita em paz na sua cama, no silencio do seu quarto, no escuro do seu mundo, podendo, assim, esquecer todos os seus monstros e temores e, finalmente, adormecer em paz.

Ao acordar nessa segunda-feira e após ter dado uma espiada no clima daquela manhã, Sophie se lembra dos tempos de sua infância, de suas bonecas, de seus amigos... E de suas noites quando, antes de dormir, fazia uma oração pedindo que não tivesse pesadelos com monstros verdes e terríveis querendo a engolir. Hoje em dia isso não acontece mais. Aquela menina cresceu e não tem mais temor pela noite, e sim pelo dia; hoje, não são os monstros imaginários que a assombram, e sim as pessoas de carne e osso que a cercam e disseminam maldade, arrogância, egoísmo e inveja, através de suas palavras e atos.

Sophie então se arruma e vai para o colégio, mas antes ela fecha os olhos e se motiva a ter mais força e calma para enfrentar todas as tristezas que esses monstros reais podem lhe causar.

Lembrança

Isolada, confusa, invisível diante do exterior
Distante fico da verdade que me escondem
Perto estou da dor que me consome
E onde estarão todas as respostas verdadeiras?
Então eu tento enxergar os seus olhos...

Esse olhar,
Distante, escuro, fragilizado ao mesmo tempo que firme.
Um olhar que não se encontra ao meu
É o olhar, o mais importante pedaço que não vai me deixar esquecer o que sei e sinto sobre você

Enquanto relembro o momento em que estava sentada na sua frente
Observava a sua mente vagar num inferno não tão distante daqui
De repente um monte de suas idéias
Organizadas e conturbadas, pairavam com toda força sobre a sua mente


E no passado ficou...
Lembranças daquelas manhãs em que você segurava minhas mãos
Como se quisesse algo mais...
Ficaram lá, as palavras não ditas
Os erros que cometi por falar de menos, por falar de mais....

Hoje, eu tento
Reconstruir as poucas lembranças
Buscar palavras e noites
Mas tudo parece ser em vão.

E para o presente, eu te peço
Que só me abrace forte igual aquela última e primeira vez
Que prometa não sumir nessa escuridão
e não desapareça de vez da minha vida...