As palavras são borradas no papel do mesmo jeito em que são jogadas de qualquer jeito no ar pela nossa boca em momentos que não temos nada a falar, em momentos que a última coisa que queremos é falar.
Os pensamentos se embaraçam na minha cabeça, surgem lembranças. Lembranças turvas e não- cicatrizadas. Sentir-se incompleta, sentir raiva. Sentir..... não querer mais sentir... Se apagar, recomeçar, melhorar, me descobrir, ser quem eu sou, descobrir quem eu sou.
Não saber e não ter o que fazer. Querer congelar um tempo onde a felicidade era algo mais acessível, onde não existia a angústia. Um tempo e um lugar onde eu podia acreditar que as pessoas ao meu redor poderiam ser as melhores e que pudessem tentar ser o seu melhor, sem traição, sem inveja, sem falsidade. Um tempo em que podia cicatrizar um sofrimento, tendo esperanças no futuro.
E o tempo se esgotou. Hoje percebi que aquele tempo em que posso me recordar, fazia parte dos meus sonhos mais profundos, na minha crença ingênua na felicidade, na amizade e no amor.
Como se percebe, depois de algum tempo, a realidade às vezes te espanca quando vêm à tona, te faz abrir os olhos e te faz sentir o peso do mundo - do seu mundo. A realidade é mais forte e mais intimidadora, dura mais que a validade dos nossos sonhos. Ela sempre bate à nossa porta e hoje ela bateu na minha.
Dezembro de 2009.
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