Prólogo R.J. Ellory
a Vida continua sempre, companheiro.
Noites Escuras de Sophie
É a noite escura que revela todos os monstros que Sophie pode temer. É durante a sua luta contra a insônia que ela tenta ser forte o suficiente para se levantar na manhã do dia seguinte.
Os sentimentos que antes ficava à mostra e que eram dificeis de ser escondidos, como uma tristeza que parecia não ter fim, hoje dá lugar a um muro, uma máscara perfeita. Um muro na frente de Sophie que, aparentemente é de concreto, mas que a qualquer momento pode se tornar suscetível à um desmoronamento causado por coisas brandas, como as ondas do mar ou por apenas gaivotas.
Ondas do mar... tão belas... ora apaziguadoras, ora turbulentas e nervosas. Ondas que surgem com um grande impacto, tirando tudo do lugar e que logo depois vão embora... destruindo castelos de areia. Vão embora, deixando tudo em ruínas, calmamente como se nunca tivessem estado aquele ponto ali na areia... Ao menos, as ondas do mar deixam marcas que secam rapidamente... Diferente das marcas feitas na vida de Sophie.
E.... gaivotas. Aves graciosas e belas. Sophie hoje sabe que tudo pode ser lindo e gracioso à primeira vista, talvez até à segunda ou terceira. Sabe também que, quando se tratam de pessoas e sentimentos (aqueles arrebatadores e que nos fazem sentir bem, por um momento), na dura realidade, nada é um mar de rosas...
Tudo deixa sua marca, sua ferida. Uma ferida que demora a cicatrizar, uma lembrança na memória.
Sophie ainda não aprendeu a lidar com a cura dessas dores ou em como fazer para que as mesmas não apareçam de novo, mas hoje existe algo que ela aprendeu: como camuflar o sofrimento e a dor. Não deixar que as pessoas sintam pena dela e repetir todos os dias de manhã para si mesma: "Eu posso sobreviver apenas comigo mesma."
O passado de uma lembrança
Olho para o céu e lembro do seu olhar. Não há olhos mais castanhos e mais brilhantes. Em todo o meu mundo não há e nem haverá um ohar que possa ser comparado ao seu.
E quando esse olhar se encontra ao meu é algo indecifrável e difícil de explicar. Um misto de sensações, um turbilhão de significados. É desejo, é compreensão, é carinho, é calmaria. Através desse olhar é q posso sentir o extremo de emoções, que de qualquer jeito me faz querer mais e mais de ti.
Mais da tua mão unida à minha, seus dedos passando lentamente e carinhosamente nos meus.
Mais do teu abraço juntando o teu corpo ao meu.
Mais da minha mão sobre o seu rosto, contemplando cada linha, cada curva, cada parte sua que me desajeita.
A tua boca na minha, me fazendo flutuar, me fazendo voar acima dos oceanos, fazendo com que eu me esqueça de tudo e apenas nos sinta.
Da tua inesquecivel voz me dizendo coisas que necessito ouvir.
Mais da tua simples presença ao meu lado, me provocando, me alegrando, me contemplando, me protegendo, me fazendo pensar no futuro, trazendo-me a paz e a calmaria. Você.... me desajeitando, me desarrumando, me fazendo te desejar cada vez mais.
Quero muito mais dos nossos simples e deliciosos momentos meigos, momentos infantis, das nossas provocações.
Coisas que me fazem te querer, que enlouquecem-me e que faz com que eu sonhe em te ter um dia, como na primeira vez, como se fosse a primeira de muitas que durariam até a minha eternidade.
Seu objetivo....
Cada pessoa que passa e marca nossa memória merece uma atenção especial, um olhar cuidadoso, e o mais importante: todas nos fazem descobrir assuntos, nos ajudam a amadurecer, algumas nos deixam como crianças... Se você não conheceu ou não aprendeu alguma coisa com alguém que foi especial na sua vida, pode ter certeza que a culpa foi sua por ter fechado os olhos diante daquela pessoa que estava ao seu lado.
A vida é assim. Um ciclo sem fim de troca de informações, opiniões, gostos. Ciclos de troca de sentimentos, de conhecimento próprio e da busca pela sabedoria.
A vida é assim. Cada dia se abre uma feridinha em algum lugar, a cada momento surge na sua frente uma cura (talvez não tão imediata) para uma ferida antiga. Ao passar dos anos, você se descobre sendo seu próprio cientista, médico e terapeuta, revelando para si mesmo analgésicos, anestésicos, encontrando portos-seguros para suas doenças da alma, para suas inquietações do coração.
Na maioria das vezes, o problema está em nós. Somos nós que fechamos os olhos diante de pequenas e grandes soluções; que desprezamos porções de felicidades em certos momentos, inventando desculpas para nós mesmos; somos nós que temos medo de escolher, de arriscar, de desvendar o desconhecido. Somos nós que nos prendemos cavernas, que nos acorrentamos a coisas que não valem mais a pena.
Devemos lembrar que as primeiras mudanças devem partir de nós e nos conscientizar a sempre buscar nosso bem-estar pessoal e nosso crescimento. São pequenos atos, pensamentos e o modo como encaramos as coisas e pessoas que fazem grandes diferenças.
Perco...
E como explicar que o hoje se encontra numa aura diferente. E o que dizer desse silêncio e abandono.
E o desejo que surge de ficar calada, com os olhos fechados fazendo com que tudo em volta fosse um lugar escuro. Desviando-me das más palavras, das relações conturbadas com o mundo exterior.
Perco esse dia. Perco essa manhã inteira. Percebo que também desprezei a maioria dos meus dias até aqui.
Caio em mim, mergulho fundo. Dentro de mim não consigo me encontrar, não consigo me enxergar pertencendo a este lugar.
Minha alva voa, mas minhas correntes me impedem de prosseguir. A vida parece escorrer nas palmas de nossas mãos.
De repente, me vejo tendo que decifrar quais são os passos certos, os passos errados. Se devo recuar, prosseguir ou ficar congelado no mesmo lugar.
Hoje, tudo está diferente de como eu idealizei. E meus sentimentos continuam presos aqui, diluídos no ar frio e na poeira deste lugar.
Um “vestígio” de um dia de SOPHIE
Lembrança
Distante fico da verdade que me escondem
Perto estou da dor que me consome
E onde estarão todas as respostas verdadeiras?
Então eu tento enxergar os seus olhos...
Esse olhar,
Distante, escuro, fragilizado ao mesmo tempo que firme.
Um olhar que não se encontra ao meu
É o olhar, o mais importante pedaço que não vai me deixar esquecer o que sei e sinto sobre você
Enquanto relembro o momento em que estava sentada na sua frente
Observava a sua mente vagar num inferno não tão distante daqui
De repente um monte de suas idéias
Organizadas e conturbadas, pairavam com toda força sobre a sua mente
E no passado ficou...
Lembranças daquelas manhãs em que você segurava minhas mãos
Como se quisesse algo mais...
Ficaram lá, as palavras não ditas
Os erros que cometi por falar de menos, por falar de mais....
Hoje, eu tento
Reconstruir as poucas lembranças
Buscar palavras e noites
Mas tudo parece ser em vão.
E para o presente, eu te peço
Que só me abrace forte igual aquela última e primeira vez
Que prometa não sumir nessa escuridão
e não desapareça de vez da minha vida...
Palavras
Palavras.... E às vezes, damos vida e gás a palavras erradas... Tem vezes que damos muita ênfase a pessoas e fatos que pra nós, foi comum...
Vezes que pecamos em falar. Que machucamos em dizer. Que não conseguimos reproduzir o que sentimos, e daí embolamos a nós e aos outros... Palavras que não sabemos usar, que não devemos, que não podemos. Palavras que não usamos no momento certo de serem ditas. Palavras...
Palavras vazias como essas, palavras que para você não tem nenhum sentido. Mas são essas palavras que tentam suprir minha necessidade de falar, de tentar explicar como as palavras erradas fazem com que eu tropece.
É, acho que não tenho uma relação boa com elas, elas se embaraçam, se embolam, somem no momento que eu tenho que reproduzi-las. E já outras, que transbordam, que saem como um tufão, que saem sem que eu perceba. No momento da agonia, nervosismo, no momento em que apenas não sabemos o que dizer e como dizer.
Palavras que me jogam pra baixo.
Mas são apenas... palavras....