Prólogo R.J. Ellory

"Encha o peito de ar. Prenda. Solte. Tudo tem de estar em silêncio, pois quando eles vierem, quando finalmente vierem me buscar, precisaremos estar bem quietos para ouvi-los.

Estou em silêncio. Sinto a quentura do meu sangue nas mãos, e quero saber por quanto tempo continuarei respirando. (...)

Aproveito um instante para recordar toda a minha vida, e tento vê-la pelo que foi. Em meio à loucura que encontrei, à correria e ao choque, e à brutalidade das colisões da humanidade que presenciei, houve momentos. AMOR. Paixão. Promessa. A esperança de algo melhor. Isso tudo.
(...)

Essa foi a minha vida.
Uma vida desenrolada como um fio, de resistência incerta, comprimento desconhecido; quer termine de chofre*, quer corra indefinidamente, ligando mais vidas no seu curso; num caso, não mais que algodão, apenas suficiente para unir uma camisa nas costuras; no outro, uma corda - de três fios, nós de cabeça de turco, todos os fios e todas as fibras alcatroados e torcidos para repelir água, suor e lágrimas...

Uma vida para segurar, ou para ver escorrer pela palma das mãos indiferentes e desatentas, mas sempre uma vida.
(...)

O tempo corre reto como uma linha de pesca auspiciosa, as semanas formando meses, formando anos; mas, com esse tempo todo, um instante de dúvida, e lá se vai o prêmio.

Momentos especiais - esporádicos, como nós apertados, espaçados irregularmente como corvos num fio de telégrafo -, esses lembramos e não nos atrevemos a esquecê-los, pois muitas vezes são tudo o que resta para mostrar.
Recordo todos eles, e muitos outros mais, e em algumas ocasiões me pergunto se a imaginação não influiu no desenho da minha vida.

Pois é isso que foi e sempre será: uma vida.

Sou um exilado."


*Chofre: Choque repentino.

Prólogo do livro: Uma Crença Silenciosa em Anjos
Autor: R. J. Ellory

a Vida continua sempre, companheiro.

Hoje, atualizando o blog com um texto que não é de minha autoria, coisa rara.
O fato é que às vezes aparecem momentos em que não saem palavras da sua boca, mesmo que seja para escrever, quando você já está esgotada de certas situações e cansada de tudo a sua volta... e quando já lamentou tudo o que pôde. Quando só te resta tentar superar tudo o que houve, já que esquecer é difícil. Quando só te resta o desejo de querer um tempo pra ficar sozinha, no silencio da sua própria alma, ouvindo aquela música que te acalma e te faz bem e lendo alguns textos que caem como uma luva para o seu momento.

Há momentos que precisamos extravasar os sentimentos escrevendo, que necessitamos disso. E existem os raríssimos momentos em que precisamos ler as palavras de alguém, apenas ouvir. Ouvir aquela música mais desconhecida, aquele verso ou poema que você nunca leu... E no meio disso tudo, se desligar um pouco do que conhecidos te falam na sua volta.

Enfim... Agora sim que vou colocar o trecho do "aguardado" trecho que li.

"Às vezes uma pessoa ou outra diz a ela que não se pode viver assim, fechando os olhos pras coisas à sua volta. Mas a moça, agora tão esperançosa, não só fecha os olhos como também, tapa os ouvidos.
Tantas pessoas passaram por ela, tanta coisa foi dita, tantas promessas que jamais foram cumpridas e ela fica pensando sozinha que, se ela já perdeu tanto tempo com sentimentos de papel, vale a pena - e muito - esperar por alguém que há tanto tempo faz parte da parte mais íntima da sua vida: o seu sonho de ser feliz."

(Rani Ghazzaoui.)

"Que nada nos limite, que nada nos defina, que nada nos sujeite. Que a liberdade seja nossa própria substância, já que viver é ser livre. Porque alguém disse e eu concordo, que o tempo cura, que a mágoa passa, que decepção não mata, e que a vida sempre, sempre continua."
(Simone de Beauvoir)




Meu recado de hoje. Como sempre, eu só posto no blog por motivos. Seja o motivo triste ou quando preciso desabafar... E até mesmo quando estou motivada a escrever.
O motivo de hoje não é dos melhores, tanto que tá parecendo até um diário de menininha.
Da próxima vez atualizo o blog por um motivo mais feliz.

Beijos! :*

Noites Escuras de Sophie

É a noite escura que revela todos os monstros que Sophie pode temer. É durante a sua luta contra a insônia que ela tenta ser forte o suficiente para se levantar na manhã do dia seguinte.

Os sentimentos que antes ficava à mostra e que eram dificeis de ser escondidos, como uma tristeza que parecia não ter fim, hoje dá lugar a um muro, uma máscara perfeita. Um muro na frente de Sophie que, aparentemente é de concreto, mas que a qualquer momento pode se tornar suscetível à um desmoronamento causado por coisas brandas, como as ondas do mar ou por apenas gaivotas.

Ondas do mar... tão belas... ora apaziguadoras, ora turbulentas e nervosas. Ondas que surgem com um grande impacto, tirando tudo do lugar e que logo depois vão embora... destruindo castelos de areia. Vão embora, deixando tudo em ruínas, calmamente como se nunca tivessem estado aquele ponto ali na areia... Ao menos, as ondas do mar deixam marcas que secam rapidamente... Diferente das marcas feitas na vida de Sophie.

E.... gaivotas. Aves graciosas e belas. Sophie hoje sabe que tudo pode ser lindo e gracioso à primeira vista, talvez até à segunda ou terceira. Sabe também que, quando se tratam de pessoas e sentimentos (aqueles arrebatadores e que nos fazem sentir bem, por um momento), na dura realidade, nada é um mar de rosas... 

Tudo deixa sua marca, sua ferida. Uma ferida que demora a cicatrizar, uma lembrança na memória.

Sophie ainda não aprendeu a lidar com a cura dessas dores ou em como fazer para que as mesmas não apareçam de novo, mas hoje existe algo que ela aprendeu: como camuflar o sofrimento e a dor. Não deixar que as pessoas sintam pena dela e repetir todos os dias de manhã para si mesma: "Eu posso sobreviver apenas comigo mesma."

O passado de uma lembrança

Olho para o céu e lembro do seu olhar. Não há olhos mais castanhos e mais brilhantes. Em todo o meu mundo não há e nem haverá um ohar que possa ser comparado ao seu.

E quando esse olhar se encontra ao meu é algo indecifrável e difícil de explicar. Um misto de sensações, um turbilhão de significados. É desejo, é compreensão, é carinho, é calmaria. Através desse olhar é q posso sentir o extremo de emoções, que de qualquer jeito me faz querer mais e mais de ti.

Mais desse olhar sobre mim e mirados aos meus olhos.
Mais da tua mão unida à minha, seus dedos passando lentamente e carinhosamente nos meus.
Mais do teu abraço juntando o teu corpo ao meu.
Mais da minha mão sobre o seu rosto, contemplando cada linha, cada curva, cada parte sua que me desajeita.
A tua boca na minha, me fazendo flutuar, me fazendo voar acima dos oceanos, fazendo com que eu me esqueça de tudo e apenas nos sinta.
Da tua inesquecivel voz me dizendo coisas que necessito ouvir.

Mais da tua simples presença ao meu lado, me provocando, me alegrando, me contemplando, me protegendo, me fazendo pensar no futuro, trazendo-me a paz e a calmaria. Você.... me desajeitando, me desarrumando, me fazendo te desejar cada vez mais.

Quero muito mais dos nossos simples e deliciosos momentos meigos, momentos infantis, das nossas provocações.

[...]
Coisas que me fazem te querer, que enlouquecem-me e que faz com que eu sonhe em te ter um dia, como na primeira vez, como se fosse a primeira de muitas que durariam até a minha eternidade.

Seu objetivo....

Tudo nesse mundo tem um objetivo. Por mais escondido que esteja, por mais bobo que pareça, por mais dolorido que se torne.

Cada pessoa que passa e marca nossa memória merece uma atenção especial, um olhar cuidadoso, e o mais importante: todas nos fazem descobrir assuntos, nos ajudam a amadurecer, algumas nos deixam como crianças... Se você não conheceu ou não aprendeu alguma coisa com alguém que foi especial na sua vida, pode ter certeza que a culpa foi sua por ter fechado os olhos diante daquela pessoa que estava ao seu lado.

A vida é assim. Um ciclo sem fim de troca de informações, opiniões, gostos. Ciclos de troca de sentimentos, de conhecimento próprio e da busca pela sabedoria.

A vida é assim. Cada dia se abre uma feridinha em algum lugar, a cada momento surge na sua frente uma cura (talvez não tão imediata) para uma ferida antiga. Ao passar dos anos, você se descobre sendo seu próprio cientista, médico e terapeuta, revelando para si mesmo analgésicos, anestésicos, encontrando portos-seguros para suas doenças da alma, para suas inquietações do coração.

Na maioria das vezes, o problema está em nós. Somos nós que fechamos os olhos diante de pequenas e grandes soluções; que desprezamos porções de felicidades em certos momentos, inventando desculpas para nós mesmos; somos nós que temos medo de escolher, de arriscar, de desvendar o desconhecido. Somos nós que nos prendemos cavernas, que nos acorrentamos a coisas que não valem mais a pena.

Devemos lembrar que as primeiras mudanças devem partir de nós e nos conscientizar a sempre buscar nosso bem-estar pessoal e nosso crescimento. São pequenos atos, pensamentos e o modo como encaramos as coisas e pessoas que fazem grandes diferenças.

Perco...

E como explicar que o hoje se encontra numa aura diferente. E o que dizer desse silêncio e abandono. 

E o desejo que surge de ficar calada, com os olhos fechados fazendo com que tudo em volta fosse um lugar escuro. Desviando-me das más palavras, das relações conturbadas com o mundo exterior.

Perco esse dia. Perco essa manhã inteira. Percebo que também desprezei a maioria dos meus dias até aqui.

Caio em mim, mergulho fundo. Dentro de mim não consigo me encontrar, não consigo me enxergar pertencendo a este lugar.

Minha alva voa, mas minhas correntes me impedem de prosseguir. A vida parece escorrer nas palmas de nossas mãos.

De repente, me vejo tendo que decifrar quais são os passos certos, os passos errados. Se devo recuar, prosseguir ou ficar congelado no mesmo lugar.

Vejo-me tendo que estar apta para saber lidar com a vitória e com o fracasso, tentando escapar de todas as formas para não ser mais manipulado.

Hoje, tudo está diferente de como eu idealizei. E meus sentimentos continuam presos aqui, diluídos no ar frio e na poeira deste lugar.

Um “vestígio” de um dia de SOPHIE

22 de junho de 2009. Um dia normal. Segundo dia da primeira semana da estréia da nova estação do ano: o inverno.

O dia amanheceu com o típico friozinho da manhã, mas com o sol nascendo, brilhando, prometendo mais um longo dia de calor. Enfim, mais um dia comum, como todos os anteriores.

Dias compridos”. Podemos resumir os dias desses últimos dois meses de Sophie a essa definição. As horas se tornam intermináveis, se assemelhando ao passar de anos, de décadas.

As melhores horas do dia são aquelas que vêm posteriores às 23h, em que ela deita em paz na sua cama, no silencio do seu quarto, no escuro do seu mundo, podendo, assim, esquecer todos os seus monstros e temores e, finalmente, adormecer em paz.

Ao acordar nessa segunda-feira e após ter dado uma espiada no clima daquela manhã, Sophie se lembra dos tempos de sua infância, de suas bonecas, de seus amigos... E de suas noites quando, antes de dormir, fazia uma oração pedindo que não tivesse pesadelos com monstros verdes e terríveis querendo a engolir. Hoje em dia isso não acontece mais. Aquela menina cresceu e não tem mais temor pela noite, e sim pelo dia; hoje, não são os monstros imaginários que a assombram, e sim as pessoas de carne e osso que a cercam e disseminam maldade, arrogância, egoísmo e inveja, através de suas palavras e atos.

Sophie então se arruma e vai para o colégio, mas antes ela fecha os olhos e se motiva a ter mais força e calma para enfrentar todas as tristezas que esses monstros reais podem lhe causar.

Lembrança

Isolada, confusa, invisível diante do exterior
Distante fico da verdade que me escondem
Perto estou da dor que me consome
E onde estarão todas as respostas verdadeiras?
Então eu tento enxergar os seus olhos...

Esse olhar,
Distante, escuro, fragilizado ao mesmo tempo que firme.
Um olhar que não se encontra ao meu
É o olhar, o mais importante pedaço que não vai me deixar esquecer o que sei e sinto sobre você

Enquanto relembro o momento em que estava sentada na sua frente
Observava a sua mente vagar num inferno não tão distante daqui
De repente um monte de suas idéias
Organizadas e conturbadas, pairavam com toda força sobre a sua mente


E no passado ficou...
Lembranças daquelas manhãs em que você segurava minhas mãos
Como se quisesse algo mais...
Ficaram lá, as palavras não ditas
Os erros que cometi por falar de menos, por falar de mais....

Hoje, eu tento
Reconstruir as poucas lembranças
Buscar palavras e noites
Mas tudo parece ser em vão.

E para o presente, eu te peço
Que só me abrace forte igual aquela última e primeira vez
Que prometa não sumir nessa escuridão
e não desapareça de vez da minha vida...

Palavras

Sentimentos e palavras, de carinho ou de ódio, de falsidade, de emoção ou de razão, que surgem de um poço escuro, surgem de um lugar no qual elas nunca deveriam despertar. Palavras que ferem, palavras que iludem, palavras... apenas palavras. Palavras que podem te transformar em vilão, em herói, em amigo, em falso, em companheiro.

Palavras.... E às vezes, damos vida e gás a palavras erradas... Tem vezes que damos muita ênfase a pessoas e fatos que pra nós, foi comum...

Vezes que pecamos em falar. Que machucamos em dizer. Que não conseguimos reproduzir o que sentimos, e daí embolamos a nós e aos outros... Palavras que não sabemos usar, que não devemos, que não podemos. Palavras que não usamos no momento certo de serem ditas. Palavras...

Palavras vazias como essas, palavras que para você não tem nenhum sentido. Mas são essas palavras que tentam suprir minha necessidade de falar, de tentar explicar como as palavras erradas fazem com que eu tropece.

É, acho que não tenho uma relação boa com elas, elas se embaraçam, se embolam, somem no momento que eu tenho que reproduzi-las. E já outras, que transbordam, que saem como um tufão, que saem sem que eu perceba. No momento da agonia, nervosismo, no momento em que apenas não sabemos o que dizer e como dizer.

Palavras que me jogam pra baixo.

Mas são apenas... palavras....